sexta-feira, 7 de maio de 2010

AS SETE MAGNÍFICAS

A 6 de Maio de 2010, uma notícia surge nos média com destaque: sete casas derrocaram, caíram, ruíram num bairro de Lisboa. Não houve tremor de terra nem vendaval, simplesmente caíram. As imagens mostram as casas com alguma idade a cair: depois verificámos que o terreno era muito inclinado, tipo favela do Rio de Janeiro. Estamos em Portugal, no século XXI, Lisboa: cidade destruída em 1755 por um tremor de terra violento, mas que o Primeiro Ministro da altura, chamado Pombal e com o título de Marquês, mandou reconstruir de forma sólida: conhecida actualmente como a baixa Pombalina. A baixa entretanto já apanhou tremores de terra e tempestades, mas mantém-se sólida e segura, mesmo depois de fragilizarem as fundações de pinho, através do abaixamento do nível freático.
Entretanto os Portugueses: já entraram numa Guerra Mundial, já colonizaram efectivamente milhões de quilómetros quadrados e milhões de pessoas em África, América e Ásia, ganhámos concursos de grandes obras internacionais, fizemos uma das maiores barragens do mundo Cahora Bassa, enviámos um satélite de 100 000 contos (500 000 €) para o espaço, temos um Presidente da CE, um vice presidente do Banco Central Europeu, temos um comissário da ONU para as migrações mundiais, temos o LNETI uma referência mundial da Engenharia Civil e na capital deste ex Império ainda temos casas construídas em terrenos instáveis como a notícia referenciou, ao estilo das favelas de países que foram ex colónias.
Mas se passear-mos pelos arredores de Lisboa e também de outras cidades, constatamos bairros inteiros feitos na total ilegalidade com ruas que parecem corredores e sem quaisquer condições de vida digna, nem a polícia consegue lá entrar de carro porque as ruas não têm largura.
Depois de dezenas de anos a falar da erradicação dos bairros da lata, as Câmaras Municipais actuais, apetrechadas de imagens de satélite, através do Google Earth, não conseguem controlar as novas barracas que vão surgindo, dentro dos seus Municípios, em terrenos ilegais para o facto. A lei permite que depois de feita uma barraca, seja muito difícil deitar abaixo e passado uns anos de encanar a perna à rã das barracas, os respectivos moradores da altura, passam a ter direitos, um dos quais o de indemnização sobre aquele lar, sem água, sem electricidade nem telefone.
Quem se aventurar a fazer uma casa legal num terreno seu: sujeita-se a ter o seu projecto cheio de ilegalidades e embargos, é obrigado a ter rede telefónica instalada em casa, mesmo que seja num local ermo em que o telemóvel é a única forma de comunicar, se quiser produzir electricidade fotovoltaica ou por aerogerador é obrigado a ter um projecto que faça uma ligação à EDP, etc., além de que está sempre a pagar autorizações, projectos especiais e taxas.
Estes bairros surgem da esperteza de fazer casas ilegais que terão o lucro das indemnizações no futuro e com o qual se terá acesso a uma casa de custos controlados.
Se todos tivermos esta atitude, cria-se uma poupança nas famílias, capaz de em menos de um ano ultrapassar a crise existente: desviam-se uns tijolos e uns sacos de cimento das obras públicas e dos totós que constroem legalmente, os sanitários encontram-se nas lojas de materiais de construção a céu aberto: é só levar quando o condutor do empilhador não estiver lá. Se não for esquisito, para os mosaicos e as telhas usa-se o mesmo esquema. Nas casas de banho públicas ou até no local de trabalho arranjam-se as torneiras e cabides. As janelas encontram-se abertas nas casas de r/c ou vivendas: é só desencaixar e trazer, se vierem em excesso, há sempre quem compre. Os expedientes são vários e acessíveis, só necessitam de imaginação. Nunca roubar um valor maior que 104 € de cada vez, para não ser possível levantar um processo contra si.
Todas estas aquisições são feitas sem IVA, nem declarações às finanças e ao fim de uns anos, quando demolirem a nossa casa, entretanto legalizada, já vão ter de nos realojar ou indemnizar da casa feita com tanto suor e do terreno que não era mas passou a ser nosso.
Os totós que passem pelas chatices da legalidade e paguem os impostos certinhos para se poderem financiar estas hostes de pobres.
Pobres de todo o mundo, vinde para cá, tendes direito a procurar uma vida melhor!


Bloggersapao

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