- Na sexta feira passada num canal português em que se falava mais uma vez da viragem à esquerda da política portuguesa, levantou-se a questão de taxar mais o capital para poder aliviar o cidadão comum, mas uma interlocutora argumentou logo que só se conseguiria taxar mais o capital se isso fosse implementado igualmente em todo o mundo, caso contrário o capital foge dos locais mais taxados para os menos taxados, provocando ainda por cima o aumento do desemprego da zona mais taxada.
- Então e não taxar o capital ?
- Será que serve para alguma coisa ?
- Os paraísos fiscais vivem disso !?
- Não taxar o capital provoca instantaneamente o aumento das sedes de inúmeras empresas, aumentando o emprego de escritório, mas não assegura a instalação das produções e armazenamentos dessas empresas.
- Essas economias de sede de empresa provocam desiquilíbrios de sustentabilidade: temos o Panamá como dos países com mais navios inscritos e não se tornou nenhum país rico, temos Gibraltar que tem uma economia de loja bastante ativa, mas a sua riqueza não é assim tão extraordinária, para além de não produzirem nada que se veja~.
Não se vêm artigos a vender "Made in Panamá" nem "Made em Gibraltar" !
- Então estamos sujeitos a ser espremidos nos ordenados até mal conseguirmos sobreviver ou seja somos reféns do capital anonimo internacional, porque se podem fugir com o seu dinheiro para paraísos fiscais se são apertados com impostos e direitos dos seus funcionários e têm poder para baixar o custo do trabalho e dos impostos, então estamos nas mãos deles dos que são ricos a sério e que geram grandes quantidades de emprego e dinheiro !?
- Esses senhores do capital internacional também dependem das massas consumidoras para manterem as produções que contribuem para as suas ações darem dinheiro.
- É por isso que os ordenados não são mais espremidos, pois tem de haver um equilíbrio entre investir nas produções de um país e o crescimento das bolsas, pois se andarmos todos sem dinheiro não consumimos e esse capital passa a perder dinheiro nas bolsas.
- É isso mesmo ! A China cresceu muito à custa de mão de obra barata e pouco consumo, mas quando as outras economias fraquejaram deixaram de comprar como antes, por isso eles vão passar a crescer economicamente mais devagar e mais à custa do seu consumo interno, mas se o mundo economicamente evoluído e maduro continuar a consumir pouco, o capital anonimo passa a ter cada vez mais dificuldade em manter a sua ambição de ser cada vez mais rico.
- A realidade é que países como o nosso onde existia uma mão de obra abundantemente qualificada e paga com relativamente baixos salários, potenciou ao fim destes anos de crise um mercado para investimento em produção bastante rentável para o capital e gerou uma forte ansiedade em termos de insegurança no trabalho nessa mesma mão de obra.
- Neste momento todos têm medo de um governo de esquerda nítida porque pensam logo nos aumentos dos ordenados mínimos que podem vir a ser a causa para fechar empresas, o que é totalmente perverso.
- Nós os islâmicos temos a solução para isso: os nossos bancos não levam juros, vários dos nossos países são riquíssimos, só à base de uma matéria prima e estamos a migrar em força para a Europa para vos ajudar na economia.
- Nós é que vamos rebentar com a crise !
- Bus, deixa-te lá de islamismos.
- O Marx é que tinha razão: se queremos fazer a revolução, tem de ser em todo o mundo simultaneamente, porque alterar a sociedade localmente acaba sempre no mesmo.
- A ambição mata todas as outras forma de vida.
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